quinta-feira, julho 01, 2010

A Importância das Manifestações Religiosas na Pré-História.

Introdução:
Perceber os principais aspectos da religião, tendo em vista a sua relevância na formação e desenvolvimento desde o primeiro momento da pré-história é de extrema importância para um entendimento sobre o pensamento abstrato que posteriormente será denominada de religião primitiva.

Pois bem, o presente estudo tem como principal meta, analisar e refletir sobre a importância e relevância da religiosidade primitiva para a vida do homem pré-histórico. Pois bem, de antemão é valido ressaltar que, ao abordarmos historicamente sobre a Pré-História dos homens é de fundamental importância que se aceite a incapacidade se ter uma certeza absoluta sobre esse período e ao mesmo tempo informar ao próprio leitor que a pesquisa aborda sobre um terreno de dúvidas e incertezas apenas iluminadas, basicamente por hipóteses concluídas via achados pesquisas arqueológicas e também por testemunhos feitos através de comparações feitas com a atualidade.

Nesse contexto, ao lançar um olhar mais crítico sobe a realidade que o cerca, o homem primitivo desenvolve uma reflexa, ou melhor, uma capacidade de expressar, através de seus sentidos, uma tradução simbólica para a sua realidade material, observando a mecânica harmoniosa da natureza e também as suas próprias contradições. Aos poucos a imaginação torna o homem um criador nato de sua existência. Eis que é despertado o seu imaginário, seja nas partes obscuras e inacessíveis das cavernas, esboçando os primórdios da Arte, seja nos rituais totêmicos animistas ou também nas praticas mortuárias de sepultamento ou colecionando crânios de seus antepassados.

E assim é desenvolvido não só o espírito religioso, mas também o próprio Homo Religiosus, dotado de todos os valores que regem a vida e o sentimento religioso. Onde nas mais diversas manifestações, a sacralidade religiosa se contrapõe a uma realidade profana, secular, prática e material. O sagrado surge, frente a todos os mistérios da vida, da morte, da natureza, da gênese da humanidade e da própria natureza.

A Importância das Manifestações Religiosas na Pré-História:
Entender um período histórico à luz das relações criadas entre a humanidade e as diversas manifestações do sagrado inerente a vida cultural é algo bastante valoroso para a formação de uma visão histórica baseada em concepções para além das interpretações materialistas da própria historiografia. É válido ressaltar que, para uma mais qualificada sondagem cientifica, o presente estudo sobre a compreensão do que vem a ser a religiosidade e a crença para a vida humana será direcionado sobre o mundo das sociedades primitivas inseridas na Pré-História dos homens.

Sendo assim, focalizar a importância da religiosidade no processo histórico, é uma condição de singular necessidade, principalmente porque, somente a partir daí é que conseguimos visualizar que a maioria dos homens na maior parte dos tempos tem vivido em dois meios – o natural e o sobrenatural, nesse contexto, é através de tal abstração é que podemos ver a precisão do ser humano em pensar sobre a sua realidade a partir da necessidade de que a vida faça sentido. É justamente por isso que podemos constatar que a experiência religiosa tem uma magnitude singular, devido a sua permanência constante na vida humana.

Pois bem, quando nos voltamos para o homem pré-histórico, tem-se o conhecimento que o mesmo contém em suas estruturas psicológicas, uma fé viva na natureza, uma vez que ela será a sua maior sustentação do esclarecimento das relações dele com o mundo. Nesse contexto, podemos analisar tendo como a fundamentação histórica e evolutiva do homem, o predicado mais relevante, que diferiu profundamente o ser humano dos demais animais, ou seja, ao tornar-se um “inventor” do seu mundo, o homem cria o seu método de adaptar-se ao meio, não apenas agindo como um receptor dos fatos naturais, mas agora, com o seu sistema simbólico e cultural, ele consegue transformar toda sua realidade, tendo em vista o seu modo de enxergá-la.

Segundo a psicanálise, a cultura é uma criação humana voltada para o surgimento de subsídios mentais proveniente dos desejos humanos. Nesse sentido, pode-se aceitar que a busca pelo conhecimento sobre o seu redor é uma meta muito notável no decorrer de toda a vida humana. Pois bem, sabe-se que, em muitos casos a criação de um sistema simbólico de explicação ao concreto, surge devido ao fracasso na realização desse desejo de cognição. Eis que surge o sentimento religioso, como uma teia de símbolos e significados, uma rede de desejos, a abstração mais fantástica de uma busca sobre a transubstanciação de um mundo natural cercados por tantas incógnitas.

É nessa ótica que enxergamos toda grandeza que a religião natural tem sobre o homem do mundo primitivo. E como ela é tão útil para a compreensão do modo de vida do seu próprio criador. Segundo o filósofo espanhol Ortega y Gasset:
O homem sempre tem que fazer alguma coisa para manter-se na existência, mas antes de fazer alguma coisa o homem tem que decidir por sua conta e risco, o que ele vai fazer. Porém para essa decisão, tornar-se impossível se o homem não possui algumas convicções sobre o que são as coisas em seu redor ou sobre os homens.

Não sei se o filósofo citado um dia imaginou que a sua obra seria a fundamentação para uma pesquisa de abrangência histórica, tendo em vista a crença em uma força natural e misteriosa que envolvia as primeiras sociedades primitivas, porém, é certo perceber que a sua abordagem filosófica, muito contribuiu na fundamentação inicial desse estudo. Pois como já foi citado anteriormente temos que ter arraigado em nossa mente que a idéia fundamental para a realização dessa sondagem científica, nada mais é que, a criação de um mundo sobrenatural, na qual está inserido todos os desejos e todas as angustias que o homem carrega consigo no interior de sua existência. É nesse mesmo universo abstrato que encontramos as explicações mais plausíveis para a compreensão do mundo pré-histórico.
As crenças constituem a base da nossa vida, o terreno sobre o qual acontece. Porque elas nos colocam diante do que é a realidade mesma. Toda nossa conduta, inclusive a intelectual, depende de qual seja o sistema de nossas crenças autênticas. Nelas vivemos, movemo-nos e somos. Por isso mesmo não costumamos ter consciência expressa delas, não as pensamos; elas atuam latentes, como implicações de quanto fazemos e pensamos.
Ortega Y Gasset – Ideas y creencias

A citação a cima é basicamente, uma fundamentação na qual analisamos para ter um entendimento maior sobre a vida cotidiana do mundo pré-histórico, logicamente que ainda não contamos com métodos tecnológicos tão modernos para nos proporcionar uma viagem ao tempo, mas, tendo em vista, as hipóteses sobre a existência de certas praticas ritualísticas, sacrifícios e cerimônias de sepultamentos encontrados através de certos vestígios arqueológicos e também sobre um estudo sistemático sobre a mitologia primitiva, notamos claramente a grande influencia que a natureza (a religião natural) com todo o seu mistério influenciava bastante a vida cotidiana das tribos existentes nesse período.

A religião é uma necessidade de segurança que o homem pré-histórico tinha para manter em sua existência um significado, um sentido. Ou seja, é justamente por esse aspecto que, buscamos também estudar a importância do surgimento e a importância da linguagem nesse processo, ou seja, para o ser humano não basta apenas o entendimento, ele necessita também em explicar a sua realidade, fato esse que se comprova devido a todo o simbolismo da mitologia e das pinturas rupestres encontradas através dos vestígios arqueológicos.

De um modo geral, quase todo o saber humano é baseado na crença. Nossos ancestrais já procuravam modos de expressar o fascínio pelos mistérios da criação deificando a Natureza. Mas a universalidade do pensamento humano, com suas metáforas e simbolismos ao longo dos séculos na busca da solução, da explicação para a Verdade Eterna e para os enigmas e paradoxos da vida presente, esbarra na nossa visão polarizada (o natural e o sobrenatural) da realidade. E a solução encontrada para se compreender essa visão da realidade pelos vários povos primitivos foi essencialmente religiosa.

Diante dessas análise, ao estudarmos sobre os aspectos da religiosidade do período anterior a criação da escrita é penetrar em uma gama de interpretações sobre fontes apercebidas em uma fraca penumbra. Nesse contexto, todas as afirmações existentes sobre tal período e principalmente sobre a metafísica da arte e da religião são baseadas em meras hipóteses. Concedendo assim, a Pré-História como um campo bastante vasto para uma gama de construções e desconstruções teóricas sobre o tema.

Enfim, afirmar algo sobre determinado estudo, baseando-se apenas nos vestígios dos povos dessa época tão distante seria uma tarefa de suma sensibilidade com o que viria a ser o fato verossímil ocorrido nos tempos vividos na Pré-História. Nesse contexto, foi reforçado ainda mais um embasamento teórico na pesquisa sobre a teoria da religiosidade, tendo em vista a manifestação do sagrado e do profano. Procurando assim, entender o homem pré-histórico, tendo em vista as suas semelhanças com a humanidade contemporânea.

Sabe-se que há 35.000 anos, os Homo Sapiens possuíam o mesmo sistema nervoso que nós, as mesmas faculdades de síntese e de abstração, e não são mais primitivos do que nós. Eles fazem parte da mesma Humanidade. É claro que tem um contexto histórico e um modo de conceber o mundo, sem dúvida, diferente do nosso, mas não necessariamente inferior. Logo, muito podemos interligar entre nossos juízos religiosos com os juízos existentes na Pré-História.

Uma vez que, de acordo com Mircea Eliade (1967), para conhecer o universo mental do Homo Religiosus é necessário levar em conta essencialmente os homens das sociedades primitivas, mesmo que pareça excêntrico para nós, homens modernos, ou até mesmo aberrantes. Porém, ao contrário do que muitos podem pensar, é exatamente no universo misterioso da Pré-História que estão apontados todos os valores que regem a vida e o sentimento religioso.

Considerações Finais:
No estudo, a magnífica saga do animal humano em torno de seu espaço físico, seria inevitável aceitar sempre que ao se desenvolver freqüentemente em uma longa escala evolutiva, os homens sempre atuavam como “inventores do mundo”. Foi nesse processo de criação que a psicanálise, o homem faz da sua cultura a concretização do inconsciente, tornando o real passível de entendimentos. Decorrente da pesquisa observa-se que uma das principais funções da religião seria a praticidade da qual ela faz sentido na vida dos homens. Nesse contexto, o estudo não se limita apenas em abordar a Pré-História dos homens como um período marcado pelas força econômicas ou materiais. Tendo como objetivo primário a reflexão, não somente como o homem se organiza, e sim tendo um conhecimento cientifico sobre o homem pré-histórico. A religião, sem dúvida, é algo humano, uma vez que, toda expressão religiosa surge através de um símbolo, ideogramas, mitos etc. Sendo considerados como realidades verossímeis. Na continuidade do estudo científico, aceita-se a idéia do sagrado e do profano como fenômeno religioso da Pré-História, uma vez que, tendo em vista a análise sobre vestígios arqueológicos de períodos remotos, é fato que interpretar a existência de uma concepção de dois mundos, o secular e o religioso, é bastante aceitável. Em seu término, é constatado pelo presente estudo que a natureza do espírito religioso, embora contribua para a formação de um ambiente sagrado e outro profano, constitui também com base fundamental na vida social do homem primitivo, observando que, seria a religião primitiva a primeira base de uma representação coletiva atrelando o sentido de suas praticas religiosas, necessidades de superação e materiais imediatas.

O homem, assim como todas as suas concepções de sagrado, primitivo possui uma riqueza inestimável que contribui e enriquece a formação de grandes civilizações do mundo antigo. Nesta observação, fica claro que, seja no continente africano, americano ou asiático, as manifestações de cunho sagrado e seu desenvolvimento (mitologias, fábulas e pinturas) é inerente em todos os caminhos. Algo que estava impregnado nesses homens. Sendo assim, através da pesquisa e seu direcionamento para os temas abordados, ficou claro o que foi a possível religião durante o período pré-histórico.


Referencias Bibliográficas:

ALVES, Rubem. O que é religião? 7 ed. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
KOVALEV, V. DIAKOV, S. A Sociedade Primitiva. São Paulo: Global, 1982.
KUJAWSKY, Gilberto de Mello. Ortega y Gasset: A aventura da Razão. 3 ed. São Paulo: Moderna.
1994.
LANGANEY, André. A Mais Bela História do Homem: De como a terra se tornou humana. Rio de Janeiro: DIFEL, 2002.
MITHEN, Steven J. A Pré-História da Mente: Uma Busca das Origens da Arte, da Religião e da Escrita. São Paulo: UNESP, 2003.
ORTEGA Y GASSET, José. História como Sistema, seguido de Mirabeau, ou O Político. Brasília: UnB, 1982.
____________.Ideas y Creencias. 2 ed. Buenos Aires: Espazas,1944.
SWANSON, Guy E. A Origem das Religiões Primitivas. São Paulo: Forense, 1968.

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Introdução:
Perceber os principais aspectos da religião, tendo em vista a sua relevância na formação e desenvolvimento desde o primeiro momento da pré-história é de extrema importância para um entendimento sobre o pensamento abstrato que posteriormente será denominada de religião primitiva.

Pois bem, o presente estudo tem como principal meta, analisar e refletir sobre a importância e relevância da religiosidade primitiva para a vida do homem pré-histórico. Pois bem, de antemão é valido ressaltar que, ao abordarmos historicamente sobre a Pré-História dos homens é de fundamental importância que se aceite a incapacidade se ter uma certeza absoluta sobre esse período e ao mesmo tempo informar ao próprio leitor que a pesquisa aborda sobre um terreno de dúvidas e incertezas apenas iluminadas, basicamente por hipóteses concluídas via achados pesquisas arqueológicas e também por testemunhos feitos através de comparações feitas com a atualidade.

Nesse contexto, ao lançar um olhar mais crítico sobe a realidade que o cerca, o homem primitivo desenvolve uma reflexa, ou melhor, uma capacidade de expressar, através de seus sentidos, uma tradução simbólica para a sua realidade material, observando a mecânica harmoniosa da natureza e também as suas próprias contradições. Aos poucos a imaginação torna o homem um criador nato de sua existência. Eis que é despertado o seu imaginário, seja nas partes obscuras e inacessíveis das cavernas, esboçando os primórdios da Arte, seja nos rituais totêmicos animistas ou também nas praticas mortuárias de sepultamento ou colecionando crânios de seus antepassados.

E assim é desenvolvido não só o espírito religioso, mas também o próprio Homo Religiosus, dotado de todos os valores que regem a vida e o sentimento religioso. Onde nas mais diversas manifestações, a sacralidade religiosa se contrapõe a uma realidade profana, secular, prática e material. O sagrado surge, frente a todos os mistérios da vida, da morte, da natureza, da gênese da humanidade e da própria natureza.

A Importância das Manifestações Religiosas na Pré-História:
Entender um período histórico à luz das relações criadas entre a humanidade e as diversas manifestações do sagrado inerente a vida cultural é algo bastante valoroso para a formação de uma visão histórica baseada em concepções para além das interpretações materialistas da própria historiografia. É válido ressaltar que, para uma mais qualificada sondagem cientifica, o presente estudo sobre a compreensão do que vem a ser a religiosidade e a crença para a vida humana será direcionado sobre o mundo das sociedades primitivas inseridas na Pré-História dos homens.

Sendo assim, focalizar a importância da religiosidade no processo histórico, é uma condição de singular necessidade, principalmente porque, somente a partir daí é que conseguimos visualizar que a maioria dos homens na maior parte dos tempos tem vivido em dois meios – o natural e o sobrenatural, nesse contexto, é através de tal abstração é que podemos ver a precisão do ser humano em pensar sobre a sua realidade a partir da necessidade de que a vida faça sentido. É justamente por isso que podemos constatar que a experiência religiosa tem uma magnitude singular, devido a sua permanência constante na vida humana.

Pois bem, quando nos voltamos para o homem pré-histórico, tem-se o conhecimento que o mesmo contém em suas estruturas psicológicas, uma fé viva na natureza, uma vez que ela será a sua maior sustentação do esclarecimento das relações dele com o mundo. Nesse contexto, podemos analisar tendo como a fundamentação histórica e evolutiva do homem, o predicado mais relevante, que diferiu profundamente o ser humano dos demais animais, ou seja, ao tornar-se um “inventor” do seu mundo, o homem cria o seu método de adaptar-se ao meio, não apenas agindo como um receptor dos fatos naturais, mas agora, com o seu sistema simbólico e cultural, ele consegue transformar toda sua realidade, tendo em vista o seu modo de enxergá-la.

Segundo a psicanálise, a cultura é uma criação humana voltada para o surgimento de subsídios mentais proveniente dos desejos humanos. Nesse sentido, pode-se aceitar que a busca pelo conhecimento sobre o seu redor é uma meta muito notável no decorrer de toda a vida humana. Pois bem, sabe-se que, em muitos casos a criação de um sistema simbólico de explicação ao concreto, surge devido ao fracasso na realização desse desejo de cognição. Eis que surge o sentimento religioso, como uma teia de símbolos e significados, uma rede de desejos, a abstração mais fantástica de uma busca sobre a transubstanciação de um mundo natural cercados por tantas incógnitas.

É nessa ótica que enxergamos toda grandeza que a religião natural tem sobre o homem do mundo primitivo. E como ela é tão útil para a compreensão do modo de vida do seu próprio criador. Segundo o filósofo espanhol Ortega y Gasset:
O homem sempre tem que fazer alguma coisa para manter-se na existência, mas antes de fazer alguma coisa o homem tem que decidir por sua conta e risco, o que ele vai fazer. Porém para essa decisão, tornar-se impossível se o homem não possui algumas convicções sobre o que são as coisas em seu redor ou sobre os homens.

Não sei se o filósofo citado um dia imaginou que a sua obra seria a fundamentação para uma pesquisa de abrangência histórica, tendo em vista a crença em uma força natural e misteriosa que envolvia as primeiras sociedades primitivas, porém, é certo perceber que a sua abordagem filosófica, muito contribuiu na fundamentação inicial desse estudo. Pois como já foi citado anteriormente temos que ter arraigado em nossa mente que a idéia fundamental para a realização dessa sondagem científica, nada mais é que, a criação de um mundo sobrenatural, na qual está inserido todos os desejos e todas as angustias que o homem carrega consigo no interior de sua existência. É nesse mesmo universo abstrato que encontramos as explicações mais plausíveis para a compreensão do mundo pré-histórico.
As crenças constituem a base da nossa vida, o terreno sobre o qual acontece. Porque elas nos colocam diante do que é a realidade mesma. Toda nossa conduta, inclusive a intelectual, depende de qual seja o sistema de nossas crenças autênticas. Nelas vivemos, movemo-nos e somos. Por isso mesmo não costumamos ter consciência expressa delas, não as pensamos; elas atuam latentes, como implicações de quanto fazemos e pensamos.
Ortega Y Gasset – Ideas y creencias

A citação a cima é basicamente, uma fundamentação na qual analisamos para ter um entendimento maior sobre a vida cotidiana do mundo pré-histórico, logicamente que ainda não contamos com métodos tecnológicos tão modernos para nos proporcionar uma viagem ao tempo, mas, tendo em vista, as hipóteses sobre a existência de certas praticas ritualísticas, sacrifícios e cerimônias de sepultamentos encontrados através de certos vestígios arqueológicos e também sobre um estudo sistemático sobre a mitologia primitiva, notamos claramente a grande influencia que a natureza (a religião natural) com todo o seu mistério influenciava bastante a vida cotidiana das tribos existentes nesse período.

A religião é uma necessidade de segurança que o homem pré-histórico tinha para manter em sua existência um significado, um sentido. Ou seja, é justamente por esse aspecto que, buscamos também estudar a importância do surgimento e a importância da linguagem nesse processo, ou seja, para o ser humano não basta apenas o entendimento, ele necessita também em explicar a sua realidade, fato esse que se comprova devido a todo o simbolismo da mitologia e das pinturas rupestres encontradas através dos vestígios arqueológicos.

De um modo geral, quase todo o saber humano é baseado na crença. Nossos ancestrais já procuravam modos de expressar o fascínio pelos mistérios da criação deificando a Natureza. Mas a universalidade do pensamento humano, com suas metáforas e simbolismos ao longo dos séculos na busca da solução, da explicação para a Verdade Eterna e para os enigmas e paradoxos da vida presente, esbarra na nossa visão polarizada (o natural e o sobrenatural) da realidade. E a solução encontrada para se compreender essa visão da realidade pelos vários povos primitivos foi essencialmente religiosa.

Diante dessas análise, ao estudarmos sobre os aspectos da religiosidade do período anterior a criação da escrita é penetrar em uma gama de interpretações sobre fontes apercebidas em uma fraca penumbra. Nesse contexto, todas as afirmações existentes sobre tal período e principalmente sobre a metafísica da arte e da religião são baseadas em meras hipóteses. Concedendo assim, a Pré-História como um campo bastante vasto para uma gama de construções e desconstruções teóricas sobre o tema.

Enfim, afirmar algo sobre determinado estudo, baseando-se apenas nos vestígios dos povos dessa época tão distante seria uma tarefa de suma sensibilidade com o que viria a ser o fato verossímil ocorrido nos tempos vividos na Pré-História. Nesse contexto, foi reforçado ainda mais um embasamento teórico na pesquisa sobre a teoria da religiosidade, tendo em vista a manifestação do sagrado e do profano. Procurando assim, entender o homem pré-histórico, tendo em vista as suas semelhanças com a humanidade contemporânea.

Sabe-se que há 35.000 anos, os Homo Sapiens possuíam o mesmo sistema nervoso que nós, as mesmas faculdades de síntese e de abstração, e não são mais primitivos do que nós. Eles fazem parte da mesma Humanidade. É claro que tem um contexto histórico e um modo de conceber o mundo, sem dúvida, diferente do nosso, mas não necessariamente inferior. Logo, muito podemos interligar entre nossos juízos religiosos com os juízos existentes na Pré-História.

Uma vez que, de acordo com Mircea Eliade (1967), para conhecer o universo mental do Homo Religiosus é necessário levar em conta essencialmente os homens das sociedades primitivas, mesmo que pareça excêntrico para nós, homens modernos, ou até mesmo aberrantes. Porém, ao contrário do que muitos podem pensar, é exatamente no universo misterioso da Pré-História que estão apontados todos os valores que regem a vida e o sentimento religioso.

Considerações Finais:
No estudo, a magnífica saga do animal humano em torno de seu espaço físico, seria inevitável aceitar sempre que ao se desenvolver freqüentemente em uma longa escala evolutiva, os homens sempre atuavam como “inventores do mundo”. Foi nesse processo de criação que a psicanálise, o homem faz da sua cultura a concretização do inconsciente, tornando o real passível de entendimentos. Decorrente da pesquisa observa-se que uma das principais funções da religião seria a praticidade da qual ela faz sentido na vida dos homens. Nesse contexto, o estudo não se limita apenas em abordar a Pré-História dos homens como um período marcado pelas força econômicas ou materiais. Tendo como objetivo primário a reflexão, não somente como o homem se organiza, e sim tendo um conhecimento cientifico sobre o homem pré-histórico. A religião, sem dúvida, é algo humano, uma vez que, toda expressão religiosa surge através de um símbolo, ideogramas, mitos etc. Sendo considerados como realidades verossímeis. Na continuidade do estudo científico, aceita-se a idéia do sagrado e do profano como fenômeno religioso da Pré-História, uma vez que, tendo em vista a análise sobre vestígios arqueológicos de períodos remotos, é fato que interpretar a existência de uma concepção de dois mundos, o secular e o religioso, é bastante aceitável. Em seu término, é constatado pelo presente estudo que a natureza do espírito religioso, embora contribua para a formação de um ambiente sagrado e outro profano, constitui também com base fundamental na vida social do homem primitivo, observando que, seria a religião primitiva a primeira base de uma representação coletiva atrelando o sentido de suas praticas religiosas, necessidades de superação e materiais imediatas.

O homem, assim como todas as suas concepções de sagrado, primitivo possui uma riqueza inestimável que contribui e enriquece a formação de grandes civilizações do mundo antigo. Nesta observação, fica claro que, seja no continente africano, americano ou asiático, as manifestações de cunho sagrado e seu desenvolvimento (mitologias, fábulas e pinturas) é inerente em todos os caminhos. Algo que estava impregnado nesses homens. Sendo assim, através da pesquisa e seu direcionamento para os temas abordados, ficou claro o que foi a possível religião durante o período pré-histórico.


Referencias Bibliográficas:

ALVES, Rubem. O que é religião? 7 ed. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
KOVALEV, V. DIAKOV, S. A Sociedade Primitiva. São Paulo: Global, 1982.
KUJAWSKY, Gilberto de Mello. Ortega y Gasset: A aventura da Razão. 3 ed. São Paulo: Moderna.
1994.
LANGANEY, André. A Mais Bela História do Homem: De como a terra se tornou humana. Rio de Janeiro: DIFEL, 2002.
MITHEN, Steven J. A Pré-História da Mente: Uma Busca das Origens da Arte, da Religião e da Escrita. São Paulo: UNESP, 2003.
ORTEGA Y GASSET, José. História como Sistema, seguido de Mirabeau, ou O Político. Brasília: UnB, 1982.
____________.Ideas y Creencias. 2 ed. Buenos Aires: Espazas,1944.
SWANSON, Guy E. A Origem das Religiões Primitivas. São Paulo: Forense, 1968.

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