segunda-feira, agosto 02, 2010

Coluna: Manuel Correia de Andrade.

O Homem e a Seca.
Publicado em 24.06.2007

Inegavelmente, a forma de ver e a tentativa de atuar de forma diferente da tradicional no Nordeste foi iniciada pelo economista Celso Furtado, ao compreender que o problema da região estava na forma como se procedera o povoamento, e como ele vinha sendo executado. Assim, procurou o economista estimular o processo de industrialização, realizar obras de infra-estrutura no campo com pagamento feito em terras, pelos latifundiários, o que seria uma mitigada reforma agrária, alem de estimular e orientar o processo migratório em direção a áreas subpovoadas, no oeste do Maranhão e sul da Bahia, e disciplinar o processo de uso da terra.

Assim, sua política para o São Francisco, cujas margens vinham sendo ocupadas por agricultores com o uso da irrigação, previa o desenvolvimento da agricultura familiar, dominantemente de produtos de consumo na região e, em seguida, no País, coibindo o desenvolvimento de culturas de exportação, feita por grandes latifundiários ou empresas de fora da região. Tentava a Sudene impedir que se mantivesse o processo de ocupação agro-exportador que caracterizava o período colonial.

O projeto Celso Furtado – Guimarães Duque foi barrado pelo golpe militar de 1964 e por sua orientação de crescimento dependente do capital estrangeiro, assim como de sua dependência econômica ao imperialismo norte-americano.

E este crescimento sem desenvolvimento, vez que beneficia o capital e empobrece cada vez mais o trabalhador, tem provocado grandes mudanças, sobretudo com o decantado “desenvolvimento” da área de Petrolina-Juazeiro, com estradas, aeroportos, campos irrigados e poluição do São Francisco, que hoje pode ser considerado um rio moribundo.

E os projetos elaborados para a região também fracassaram, como o da transposição das águas do São Francisco para os rios temporários do Ceará (Jaguaribe), Paraíba e Rio Grande do Norte (Piranhas Açu e o Apodi-Mossoró), onde há água em abundância em lençóis subterrâneos nas chapadas do Araripe e do Apodi e nos açudes construídos pelo governo federal.

Também o processo de modernização da agricultura não deve se restringir ao setor irrigado, de vez que a lavoura seca tem grande oportunidade em uma região que oferece opções para culturas secas de rápido ciclo vegetativo, como algodão herbáceo, sorgo, milhete, mamona, gengibre e amendoim, de grande consumo no País e no exterior.

A região também é rica em minérios como o petróleo, explorado sobretudo na faixa submarina e no litoral, como no Recôncavo Baiano, costa sergipana, do Rio Grande do Norte e do Maranhão. Esta produção permitiu o desenvolvimento da petroquímica na Bahia, onde se localiza o Pólo de Camaçari. Também tem grande expressão a produção de gipsita em Pernambuco e com depósitos expressivos na Bahia, além da xelita no Rio Grande do Norte.

A atividade industrial sucroalcooleira é muito importante em Pernambuco e Alagoas, embora sofra forte concorrência dos Estados do Sudeste e do Centro-Oeste, destacando-se também o desenvolvimento da informática, a indústria de beneficiamento do algodão, com centros têxteis e de confecções importantes, a indústria de cimento, utilizando reservas de calcário, etc.

Com o processo de modernização, todo o litoral nordestino vem sendo desenvolvido com a criação de camarões, tanto de variedades nativas como asiáticas, visando o mercado interno e a exportação.
É conveniente lembrar que o desenvolvimento das comunicações e dos transportes, apesar da péssima conservação das rodovias, vem provocando o crescimento exponencial do turismo, sobretudo na Bahia (Salvador, Ilhéus, Porto Seguro), Ceará, com suas procuradas praias e a temperatura de suas águas, Pernambuco, com as suas cidades históricas e suas praias, Alagoas, Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí e Maranhão.

Esses indicadores fazem lembrar e justificar o fato de o crescimento econômico do Nordeste ser superior ao brasileiro, apesar de a região ser ainda a mais pobre do País. A lentidão do crescimento e a pobreza regional não impedem que se vislumbre a perspectiva de aceleração do crescimento e se planeje um crescimento homogêneo e voltado para os interesses da população e não das elites que exploram de formas as mais variadas o povo e a região.

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O Homem e a Seca.
Publicado em 24.06.2007

Inegavelmente, a forma de ver e a tentativa de atuar de forma diferente da tradicional no Nordeste foi iniciada pelo economista Celso Furtado, ao compreender que o problema da região estava na forma como se procedera o povoamento, e como ele vinha sendo executado. Assim, procurou o economista estimular o processo de industrialização, realizar obras de infra-estrutura no campo com pagamento feito em terras, pelos latifundiários, o que seria uma mitigada reforma agrária, alem de estimular e orientar o processo migratório em direção a áreas subpovoadas, no oeste do Maranhão e sul da Bahia, e disciplinar o processo de uso da terra.

Assim, sua política para o São Francisco, cujas margens vinham sendo ocupadas por agricultores com o uso da irrigação, previa o desenvolvimento da agricultura familiar, dominantemente de produtos de consumo na região e, em seguida, no País, coibindo o desenvolvimento de culturas de exportação, feita por grandes latifundiários ou empresas de fora da região. Tentava a Sudene impedir que se mantivesse o processo de ocupação agro-exportador que caracterizava o período colonial.

O projeto Celso Furtado – Guimarães Duque foi barrado pelo golpe militar de 1964 e por sua orientação de crescimento dependente do capital estrangeiro, assim como de sua dependência econômica ao imperialismo norte-americano.

E este crescimento sem desenvolvimento, vez que beneficia o capital e empobrece cada vez mais o trabalhador, tem provocado grandes mudanças, sobretudo com o decantado “desenvolvimento” da área de Petrolina-Juazeiro, com estradas, aeroportos, campos irrigados e poluição do São Francisco, que hoje pode ser considerado um rio moribundo.

E os projetos elaborados para a região também fracassaram, como o da transposição das águas do São Francisco para os rios temporários do Ceará (Jaguaribe), Paraíba e Rio Grande do Norte (Piranhas Açu e o Apodi-Mossoró), onde há água em abundância em lençóis subterrâneos nas chapadas do Araripe e do Apodi e nos açudes construídos pelo governo federal.

Também o processo de modernização da agricultura não deve se restringir ao setor irrigado, de vez que a lavoura seca tem grande oportunidade em uma região que oferece opções para culturas secas de rápido ciclo vegetativo, como algodão herbáceo, sorgo, milhete, mamona, gengibre e amendoim, de grande consumo no País e no exterior.

A região também é rica em minérios como o petróleo, explorado sobretudo na faixa submarina e no litoral, como no Recôncavo Baiano, costa sergipana, do Rio Grande do Norte e do Maranhão. Esta produção permitiu o desenvolvimento da petroquímica na Bahia, onde se localiza o Pólo de Camaçari. Também tem grande expressão a produção de gipsita em Pernambuco e com depósitos expressivos na Bahia, além da xelita no Rio Grande do Norte.

A atividade industrial sucroalcooleira é muito importante em Pernambuco e Alagoas, embora sofra forte concorrência dos Estados do Sudeste e do Centro-Oeste, destacando-se também o desenvolvimento da informática, a indústria de beneficiamento do algodão, com centros têxteis e de confecções importantes, a indústria de cimento, utilizando reservas de calcário, etc.

Com o processo de modernização, todo o litoral nordestino vem sendo desenvolvido com a criação de camarões, tanto de variedades nativas como asiáticas, visando o mercado interno e a exportação.
É conveniente lembrar que o desenvolvimento das comunicações e dos transportes, apesar da péssima conservação das rodovias, vem provocando o crescimento exponencial do turismo, sobretudo na Bahia (Salvador, Ilhéus, Porto Seguro), Ceará, com suas procuradas praias e a temperatura de suas águas, Pernambuco, com as suas cidades históricas e suas praias, Alagoas, Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí e Maranhão.

Esses indicadores fazem lembrar e justificar o fato de o crescimento econômico do Nordeste ser superior ao brasileiro, apesar de a região ser ainda a mais pobre do País. A lentidão do crescimento e a pobreza regional não impedem que se vislumbre a perspectiva de aceleração do crescimento e se planeje um crescimento homogêneo e voltado para os interesses da população e não das elites que exploram de formas as mais variadas o povo e a região.

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