sábado, outubro 30, 2010

A Construção da Educação Brasileira Através da Pluralidade Cultural


Introdução:

Pluralidade Cultural é um dos temas transversais propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN/MEC). Como a sociedade brasileira é formada por diversas etnias, a pluralidade cultural é um tema especialmente importante, uma vez que o desafio de se respeitar os diferentes grupos e culturas que compõem o mosaico étnico brasileiro e incentivar o convívio desses diversos grupos é fazer dessa nossa característica um fator de maior enriquecimento social para o povo brasileiro.

Abordar sobre a diversidade cultural existente do Brasil, é uma condição fundamental para a construção de um modelo educacional que tenha objetivos de edificar uma realidade social igualitária para o país. A sociedade brasileira é formada não só por diferentes etnias, como também por imigrantes de diferentes países, portugueses, espanhóis, ingleses, franceses, italianos, alemães, poloneses, húngaros, lituanos, egípcios, sírios, libaneses, armênios, indianos, japoneses, chineses, coreanos, ciganos, latino-americanos. Sem contar com a diversidade religiosa presente no espaço territorial brasileiro que abrange os católicos, evangélicos, batistas, budistas, judeus, muçulmanos, tradições africanas etc. Nesse contexto, o contato constante entre os mais diversos grupos culturais já é uma característica de nossa brasilidade. Porém, é valido ressaltar que, apenas reconhecer as diferenças regionais, culturais ou lingüísticas não é o bastante para a consolidação de um novo Brasil.

Ao nos referimos sobre o pluralismo cultural na educação brasileira, é de fundamental importância que, além de retratarmos as convivências entre as diferentes etnias e costumes existentes em nosso cotidiano, procure que o aluno também compreenda que o Brasil é formado por um amalgama cultural, portanto respeitar e valorizar essas culturas, também é uma forma de exaltar a riqueza cultural do próprio Brasil. Além disso, necessitamos refletir sobre a desigualdade e a exclusão social que ainda faz parte da realidade do país e que se agrava cada vez mais. Logo a crítica política se torna indispensável nesta abordagem científica.

Conhecer o pluralismo cultural pode-se dizer que é uma tentativa de romper com as desigualdades sociais e exclusão social que tanto faz parte do nosso cotidiano, devido ao processo de aculturação presente desde o inicio de nossa história. “Somos obrigados a reconhecer que as primeiras linhas de nossa brasilidade foram escritas com as tintas do desrespeito e da rapina”. (Antonio Mesquita Galvão). Pois bem, essa multiplicidade arraigada a historia cultural do país é um tema demasiadamente delicado, isso se dá, devido ao alto grau de adoção aos padrões europeus em nossa concepção de mundo e também a certos mitos que diz respeito a uma “democracia racial” no Brasil. Ora desde a “invasão européia nas terras tupiniquim” vários foram os projetos de imposição cultural estabelecido em nosso povo. Por isso que, reconhecer e respeitar não basta, precisamos aceitar que o pluralismo cultural está arraigado em todos nós. Somente assim, iremos negar toda essa mecânica de discriminação que tanto atrapalham o exercício da cidadania da população brasileira.

Para construirmos uma nova realidade, temos que contar com a elaboração de um plano educacional voltado para a constituição de indivíduos sociais, conscientes com o exercício da cidadania e comprometidos com padrões realmente democráticos. Como o próprio jornalista João Ubaldo Ribeiro afirmou: “O que nos falta é educação”. Para termos outra realidade, temos que mudar a principal matéria prima do Brasil, o povo. Temos que nos reconhecer como brasileiros, e principalmente temos que nos aceitarmos como realmente somos, ou seja, fruto de um amalgama cultural. Não somos índios, tampouco europeus, muito menos africano, somos brasileiros. E cabe ao brasileiro reconhecer isso.

Herdamos a língua portuguesa dos brancos, junto à organização social, jurídica e administrativa. O conhecimento científico e artístico e a religião judaico-cristã também foram aspectos que foi somado aos nossos princípios culturais, mas não foram somente a matriz branca que deixou legado cultural. Ao mesmo tempo em que estamos tão europeizados, muitos de nós, as vezes não querem notar as nossas facetas indígenas, que em nosso cardápio se manifesta com a mandioca, com o milho, com o guaraná; enfim, e o que dizer desses objetos: a rede de dormir, a esteira, cestos; e como podemos explicar o nosso vocabulário contendo algumas palavras de origem indígena como: abacaxi, amendoim, caju, jacaré, tatu, urubu. Paralelo a todo esse contexto, não se pode negar as nossas heranças provenientes das senzalas. Alimentos como a cocada, o pé-de-moleque, o vatapá, o acarajé, o caruru. Isso sem mencionar algumas palavras que citamos em nosso dia-a-dia: banana, caçula, xingar, fubá, moleque, cachimbo, cachaça.

Aceitar que somos brasileiros é a principal problemática que o presente estudo propõe. E para obter soluções fecundas, precisamos debater sistematicamente sobre os processos educacionais brasileiros, tendo em vista os parâmetros curriculares nacionais (PCNs), levando em consideração o tema: pluralidade cultural, a fim de buscar sobre tal abordagem teórica uma forma de adaptação na vida pratica do professor em sala de aula.

A escola é uma ferramenta de singular importância para problematizarmos a realidade cultural do Brasil, porém é relevante que devemos negar essa falsa idéia de que tudo está bem. Temos que ter consciência que silenciar sobre o fato do preconceito ao negro, ao índio ou ao estrangeiro prejudica mais do que ajuda, ora somente pondo a realidade em xeque que vamos poder nos movimentar para mudar tal realidade.

A Construção da Educação Brasileira Através da Pluralidade Cultural

Pluralidade cultural é a presença de varias formas de culturas. Nesse sentido, entendemos como tal assunto, a diversidade existente entre regiões, religiões, cor, nacionalidade, enfim. É tal pluralidade que faz com que as pessoas que habitam o mundo simplesmente não sejam uniformemente homogêneas. Mas afinal de contas o que entendemos por cultura? No sentido sociológico, a cultura é tudo aquilo que resulta da criação humana. (Sebastião Vila Nova). Segundo Edward B. Taylor: “Cultura é um complexo que abarca conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes e outras capacidades adquiridas pelo homem como integrante da sociedade. Nesse contexto a pluralidade cultural é a multiplicidade de culturas existentes em nosso planeta. Fato esse que é notório em nosso cotidiano.

Mas, por que existe essa pluralidade cultural? E como é viver em um universo multicultural? Pois, bem, para refletirmos sobre a primeira indagação, temos que ter em mente que, a cultura é algo inerente ao homem, pois é a partir dela que ele irá sobreviver ao mundo natural a que lhe foi imposto. Portanto, a partir do momento em que o homem passa a assumir uma postura extranatural, ou seja, fora dos seus padrões instintivos ele passa a ser um individuo portador de uma cultura. Essa cultura é passada para os seus descendentes através do símbolo, ou da linguagem, ou seja, não é passada através de herança biológica, logo, essa cultura que se cria e que se herda é totalmente flexível, ou seja, pode ser modificada com o passar do tempo ou por determinadas necessidades.

Bem, o que foi objetivado nessa sucinta explicação é o caráter amorfo de uma cultura, ou seja, ela pode com o passar do tempo ser modificada por um individuo e por outro não. E esse indivíduos conviverem em um mesmo local. Enfim, mesmo que sejamos herdeiros de uma cultura raiz, temos a capacidade de modificarmos os nossos padrões culturais, assim, além de viver em um mundo onde as culturas são várias, elas também não param de surgir, deste modo, temos que reconhecer que estamos cercados por culturas, coletivas e individuais, novas e antigas.

Para responder a segunda questão, é de suma importância reconhecermos que viver em um universo multicultural é viver em um universo humano. E justamente por isso que é uma necessidade termos a convicção de que não existe culturas superiores nem culturas inferiores. Cada cultura é uma realidade independente, e somente uma cultura pode ser e entender ela mesma, portanto, que não se esqueça que as culturas são diferentes, e autônomas entre si. Não se pode julgar uma cultura pela óptica de outra, isso pode gerar preconceitos, conflitos e descriminação.

Todas as culturas humanas criaram modos de viver coletivamente, de organizar sua vida política, de se relacionar com o meio ambiente, de trabalhar, distribuir e trocar as riquezas que produzem. Mais ainda, todos os povos desenvolveram linguagens, manifestações artísticas e religiosas, mitologias, valores morais, vestuários e moradias. Assim, a pluralidade cultural indica, antes de tudo, um acúmulo de experiências humanas que é patrimônio de todos nós, pois pode enriquecer nossa vida ao nos ensinar diferentes maneiras de existir socialmente e de criar o futuro.

Viver em uma sociedade plural é viver em um ambiente onde o respeito aos diferentes grupos e culturas é uma necessidade fundamental para a harmonia social entre os indivíduos. O Brasil é um exemplo típico de pluralidade, uma vez que, além das matrizes indígenas, o povo brasileiro é formado por culturas que herdaram modos de vida provenientes do continente africano, e por imigrantes europeus que chegaram em nosso território, com o objetivo de uma colonização nos moldes mercantilistas. O contato com esses diferentes grupos, etnias e crenças é um predicado fundamental para o estudo histórico do país. Sabe-se que a convivência entre essas diferentes culturas no Brasil foi marcado por um etnocentrismo marcante do colonizador europeu sobre as culturas indígenas e africanas, ou seja, o imigrante europeu atuou de forma bastante desrespeitosa sobre as demais culturas, acarretando assim, enormes conflitos culturais, e com isso foi gerado uma herança infeliz no contexto social do país e que atualmente ainda permanece em nosso dia-a-dia na forma de desigualdade social, injustiça, exclusão e falta de democracia no cotidiano de vários grupos humanos que povoa as varias regiões do Brasil.

Mais que uma simples etnia, porém, o Brasil é uma etnia nacional, um povo nação, assentado num território próprio e enquadrado dentro de um Estado para nele viver seu destino. Ao contrário da Espanha na Europa, e na Guatemala na América, por exemplo, que são sociedades multietnicas regidas por estados unitários e, por isso mesmo, dilaceradas por conflitos interétnicos, os brasileiros se integram em uma única nação unificada, num Estado unietnico. (RIBEIRO)

É sobre essa realidade que a educação deve agir e trabalhar para que todas essas heranças pós-colonialista simplesmente desapareça de nossa realidade, para que assim, tenhamos um novo pais, marcado pelo respeito e pela democracia racial. É preciso reconhecer que a identidade do Brasil só poderá ser apresentada por completo, se reconhecido a riqueza apresentada pela multiplicidade etnocultural que compõe o patrimônio cultural brasileiro. Só iremos ser realmente brasileiros, no dia em que nos permitamos a uma negação de certos padrões culturais que não nos cabem e aceitarmos o que realmente somos. Não basta apenas reconhecer que nossa historia foi marcada por uma “união de três raças” temos que ser esse amalgama étnico, para que assim possamos realmente ser brasileiro.

O povo brasileiro vive em torno de uma razão ornamental, fugindo de sua identidade e adotando um modo de ver que não pertence ao povo brasileiro. O Brasil adora adotar os padrões de origem européias e tentam escapar de sua brasilidade. Essa é a nossa democracia racial existente na pátria, para o brasileiro o branco, o índio e o negro vivem em harmonia eterna. Essa concepção logicamente não está na ótica dos excluídos. Enfim, temos que reconhecer que a falta de democracia racial é o nosso verdadeiro problema e principalmente temos que encontrar a nossas próprias respostas e não nos prender a soluções estrangeiras.

E é no âmbito educacional que vamos encontrar a nossa resposta, porém, é dever do educador levar para a sala de aula o contexto brasileiro da sociedade e é no exercício do ensino que tanto o professor quanto os alunos ter que problematizar a realidade que é vivenciada levando sempre em consideração a ótica do opressor e também a do oprimido.

Nesse sentido, a escola deve ser o berço formador dos princípios da igualdade, da tolerância, do respeito e na cidadania. Reconhecer e valorizar a diversidade cultural é atuar sobre um dos mecanismos de discriminação e exclusão, entraves à plenitude da cidadania para todos e, portanto, para a própria nação. O conhecimento da pluralidade cultural nasce como uma necessidade de romper as desigualdades sociais e exclusão social. Logicamente que, não é fácil abordar esse tipo de tema, porém, para se construir uma nova realidade é inevitável que a escola seja o catalisador para essa construção.

O processo educacional terá de tratar do campo ético, voltando-se para a formação de novos comportamentos em relação àqueles que historicamente foram alvo de injustiças. E principalmente, reconhecer que essa problemática social, cultural e étnica fez e ainda faz parte de nossa conjuntura social, política, econômica e educacional. A escola tem um papel fundamental a desempenhar nesse processo, e justamente por isso que em sala de aula, assuntos que envolvam a convivência entre os diferentes grupos culturais no território nacional não seja silenciado e que a realidade seja exposta, problematizada e principalmente solucionada, tendo em vista a inclusão social e uma verdadeira democracia racial no país.

O ensino e a aprendizagem na perspectiva da pluralidade cultural tem o objetivo de retratar aos alunos a compreensão sobre o Brasil para os brasileiros. Mas para isso o ensino terá que abordar os aspectos e a riqueza cultural que alicerça a historia cultural brasileira. Além de ensinar, é necessário viver no campo multicultural, onde as manifestações culturais são notadas. Somente assim poderemos problematizar o cotidiano abordado e principalmente observar se realmente existe a democracia racial no Brasil. O professor deve focalizar o ensino junto ao aluno, criar uma vivência que torne a realidade um objeto de estudo.

Ao focalizar o conteúdo a ser abordado em sala de aula o professore terá que se possível levar em consideração algumas observações, como: as contribuições que as varias culturas deixaram para a consolidação de uma identidade brasileira, para que com isso seja ressaltado a importância de valores básicos para o exercício da cidadania, voltados para o respeito ao outro e a si mesmo, aos Direitos Universais da Pessoa Humana e aos direitos estabelecidos na Constituição Federal, possibilitando assim que os alunos compreendam, respeitem e valorizem a diversidade sociocultural e a convivência solidária em uma sociedade democrática. Também é importante lembrar a preocupação em expor os assuntos selecionados e a realidade local, a partir mesmo das características culturais locais, faz com que este trabalho possa incluir e valorizar questões da comunidade imediata à escola. Trabalhando assim a realidade cultural vivenciada no cotidiano dos alunos para que todo o aprendizado gere resultados fecundos para uma sociedade mais justa e igualitária.

A interdisciplinaridade é um predicado fundamental para a abrangência do pluralismo cultural na escola, ou seja, nesse sentido algumas matérias como a História, terá subsídios de retratar a resistência cultural de vários grupos na sociedade e buscar uma análise sobre as culturas que influenciaram a formação do povo brasileiro, a sociologia, também poderá tratar sobre os conhecimentos sociológicos que permitem uma discussão apurada de como as diferenças étnicas, culturais e regionais não podem ser reduzidas à dimensão socioeconômica de classes sociais e discutir sobre o papel da escola na construção de uma realidade, a lingüística é capaz de utilizar um método que retrate as diversidades lingüísticas e principalmente as formas de comunicação verbal e não verbal existente no Brasil, a antropologia tem condições de motivar o debate sobre a questão cultural do homem e valorizar as culturas existentes no Brasil, partindo do princípio que não existe homem sem cultura e que nenhuma cultura é superior a outra e a geografia trabalhará através de dados estatísticos alguns diagnósticos sociais e econômicos da sociedade brasileira, buscando uma interpretação sobre os resultados obtidos em tais estatísticas.

Enfim, fornecer informações básicas para o aprendizado escolar abrangendo a multiplicidade cultural será uma forma de alicerçar o país em uma identidade própria e também uma maneira de se obter respostas para alguns problemas e algumas dívidas sociais existente no campo historiográfico brasileiro, desconstruindo assim certos valores etnocêntricos que estão arraigados ao panorama social do país.


Considerações Finais

Oferecer ao adolescente informações básicas sobre os diferentes tipos de manifestações culturais existentes no Brasil, expondo o máximo possível as informações necessárias para o entendimento sobre a cultura brasileira permitirá que ele se situe em um universo autentico e multifacetado em diferentes visões de mundo.

Analisar as influências históricas do povo brasileiro e a atual conjuntura da mesma população fará com que o aluno entenda um pouco mais a sua realidade e seja também um protagonista em defender uma mudança de concepção sobre o pluralismo cultural e respeitando ainda mais as contribuição das diversas heranças etnoculturais. Ao perceber que a formação histórica brasileira é marcada pela atuação de muitos povos, culturalmente muito diversos irá facilitar ainda mais o conceito de pluralidade cultural e a concepção da importância que esse aspecto atua entre nós, que se expressa, nos diferentes modos de vida das regiões do país.

Visto que, existe entre nós uma riqueza entre experiências humanas, o predomínio da discriminação, as imensas desigualdades sociais, políticas e econômicas, os preconceitos e a intolerância reduzem muito as possibilidades dessa pluralidade se manifestar. Por isso criar condições para a afirmação da pluralidade que marca nossa formação cultural é a melhor maneira de compartilhar esse acervo de experiências humanas, esse patrimônio cultural existente no Brasil. Assim podemos encontrar respostas inesperadas aos limites e às potencialidades do presente e abrir novos caminhos para o nosso futuro.

Nesse sentido, conhecer sobre a pluralidade cultural é uma necessidade de romper as desigualdades sociais e exclusão social e permitir que o aluno compreenda que o Brasil é formado por um amalgama cultural. Por isso o respeito e valorização dessas culturas é um predicado fundamental para mudarmos uma realidade baseada em certos estereotipo ou qualquer forma de preconceito atuando de forma negativa sobre essa diversidade.

Portanto a marginalização do negro, a aculturação do índio, a homogeneidade cultural e o mito da democracia racial são temas que tem que ser debatidos e sala da aula para que assim seja desarticuladas certas imagens, conflitos e preconceitos existentes na historiografia cultural brasileira.
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Introdução:

Pluralidade Cultural é um dos temas transversais propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN/MEC). Como a sociedade brasileira é formada por diversas etnias, a pluralidade cultural é um tema especialmente importante, uma vez que o desafio de se respeitar os diferentes grupos e culturas que compõem o mosaico étnico brasileiro e incentivar o convívio desses diversos grupos é fazer dessa nossa característica um fator de maior enriquecimento social para o povo brasileiro.

Abordar sobre a diversidade cultural existente do Brasil, é uma condição fundamental para a construção de um modelo educacional que tenha objetivos de edificar uma realidade social igualitária para o país. A sociedade brasileira é formada não só por diferentes etnias, como também por imigrantes de diferentes países, portugueses, espanhóis, ingleses, franceses, italianos, alemães, poloneses, húngaros, lituanos, egípcios, sírios, libaneses, armênios, indianos, japoneses, chineses, coreanos, ciganos, latino-americanos. Sem contar com a diversidade religiosa presente no espaço territorial brasileiro que abrange os católicos, evangélicos, batistas, budistas, judeus, muçulmanos, tradições africanas etc. Nesse contexto, o contato constante entre os mais diversos grupos culturais já é uma característica de nossa brasilidade. Porém, é valido ressaltar que, apenas reconhecer as diferenças regionais, culturais ou lingüísticas não é o bastante para a consolidação de um novo Brasil.

Ao nos referimos sobre o pluralismo cultural na educação brasileira, é de fundamental importância que, além de retratarmos as convivências entre as diferentes etnias e costumes existentes em nosso cotidiano, procure que o aluno também compreenda que o Brasil é formado por um amalgama cultural, portanto respeitar e valorizar essas culturas, também é uma forma de exaltar a riqueza cultural do próprio Brasil. Além disso, necessitamos refletir sobre a desigualdade e a exclusão social que ainda faz parte da realidade do país e que se agrava cada vez mais. Logo a crítica política se torna indispensável nesta abordagem científica.

Conhecer o pluralismo cultural pode-se dizer que é uma tentativa de romper com as desigualdades sociais e exclusão social que tanto faz parte do nosso cotidiano, devido ao processo de aculturação presente desde o inicio de nossa história. “Somos obrigados a reconhecer que as primeiras linhas de nossa brasilidade foram escritas com as tintas do desrespeito e da rapina”. (Antonio Mesquita Galvão). Pois bem, essa multiplicidade arraigada a historia cultural do país é um tema demasiadamente delicado, isso se dá, devido ao alto grau de adoção aos padrões europeus em nossa concepção de mundo e também a certos mitos que diz respeito a uma “democracia racial” no Brasil. Ora desde a “invasão européia nas terras tupiniquim” vários foram os projetos de imposição cultural estabelecido em nosso povo. Por isso que, reconhecer e respeitar não basta, precisamos aceitar que o pluralismo cultural está arraigado em todos nós. Somente assim, iremos negar toda essa mecânica de discriminação que tanto atrapalham o exercício da cidadania da população brasileira.

Para construirmos uma nova realidade, temos que contar com a elaboração de um plano educacional voltado para a constituição de indivíduos sociais, conscientes com o exercício da cidadania e comprometidos com padrões realmente democráticos. Como o próprio jornalista João Ubaldo Ribeiro afirmou: “O que nos falta é educação”. Para termos outra realidade, temos que mudar a principal matéria prima do Brasil, o povo. Temos que nos reconhecer como brasileiros, e principalmente temos que nos aceitarmos como realmente somos, ou seja, fruto de um amalgama cultural. Não somos índios, tampouco europeus, muito menos africano, somos brasileiros. E cabe ao brasileiro reconhecer isso.

Herdamos a língua portuguesa dos brancos, junto à organização social, jurídica e administrativa. O conhecimento científico e artístico e a religião judaico-cristã também foram aspectos que foi somado aos nossos princípios culturais, mas não foram somente a matriz branca que deixou legado cultural. Ao mesmo tempo em que estamos tão europeizados, muitos de nós, as vezes não querem notar as nossas facetas indígenas, que em nosso cardápio se manifesta com a mandioca, com o milho, com o guaraná; enfim, e o que dizer desses objetos: a rede de dormir, a esteira, cestos; e como podemos explicar o nosso vocabulário contendo algumas palavras de origem indígena como: abacaxi, amendoim, caju, jacaré, tatu, urubu. Paralelo a todo esse contexto, não se pode negar as nossas heranças provenientes das senzalas. Alimentos como a cocada, o pé-de-moleque, o vatapá, o acarajé, o caruru. Isso sem mencionar algumas palavras que citamos em nosso dia-a-dia: banana, caçula, xingar, fubá, moleque, cachimbo, cachaça.

Aceitar que somos brasileiros é a principal problemática que o presente estudo propõe. E para obter soluções fecundas, precisamos debater sistematicamente sobre os processos educacionais brasileiros, tendo em vista os parâmetros curriculares nacionais (PCNs), levando em consideração o tema: pluralidade cultural, a fim de buscar sobre tal abordagem teórica uma forma de adaptação na vida pratica do professor em sala de aula.

A escola é uma ferramenta de singular importância para problematizarmos a realidade cultural do Brasil, porém é relevante que devemos negar essa falsa idéia de que tudo está bem. Temos que ter consciência que silenciar sobre o fato do preconceito ao negro, ao índio ou ao estrangeiro prejudica mais do que ajuda, ora somente pondo a realidade em xeque que vamos poder nos movimentar para mudar tal realidade.

A Construção da Educação Brasileira Através da Pluralidade Cultural

Pluralidade cultural é a presença de varias formas de culturas. Nesse sentido, entendemos como tal assunto, a diversidade existente entre regiões, religiões, cor, nacionalidade, enfim. É tal pluralidade que faz com que as pessoas que habitam o mundo simplesmente não sejam uniformemente homogêneas. Mas afinal de contas o que entendemos por cultura? No sentido sociológico, a cultura é tudo aquilo que resulta da criação humana. (Sebastião Vila Nova). Segundo Edward B. Taylor: “Cultura é um complexo que abarca conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes e outras capacidades adquiridas pelo homem como integrante da sociedade. Nesse contexto a pluralidade cultural é a multiplicidade de culturas existentes em nosso planeta. Fato esse que é notório em nosso cotidiano.

Mas, por que existe essa pluralidade cultural? E como é viver em um universo multicultural? Pois, bem, para refletirmos sobre a primeira indagação, temos que ter em mente que, a cultura é algo inerente ao homem, pois é a partir dela que ele irá sobreviver ao mundo natural a que lhe foi imposto. Portanto, a partir do momento em que o homem passa a assumir uma postura extranatural, ou seja, fora dos seus padrões instintivos ele passa a ser um individuo portador de uma cultura. Essa cultura é passada para os seus descendentes através do símbolo, ou da linguagem, ou seja, não é passada através de herança biológica, logo, essa cultura que se cria e que se herda é totalmente flexível, ou seja, pode ser modificada com o passar do tempo ou por determinadas necessidades.

Bem, o que foi objetivado nessa sucinta explicação é o caráter amorfo de uma cultura, ou seja, ela pode com o passar do tempo ser modificada por um individuo e por outro não. E esse indivíduos conviverem em um mesmo local. Enfim, mesmo que sejamos herdeiros de uma cultura raiz, temos a capacidade de modificarmos os nossos padrões culturais, assim, além de viver em um mundo onde as culturas são várias, elas também não param de surgir, deste modo, temos que reconhecer que estamos cercados por culturas, coletivas e individuais, novas e antigas.

Para responder a segunda questão, é de suma importância reconhecermos que viver em um universo multicultural é viver em um universo humano. E justamente por isso que é uma necessidade termos a convicção de que não existe culturas superiores nem culturas inferiores. Cada cultura é uma realidade independente, e somente uma cultura pode ser e entender ela mesma, portanto, que não se esqueça que as culturas são diferentes, e autônomas entre si. Não se pode julgar uma cultura pela óptica de outra, isso pode gerar preconceitos, conflitos e descriminação.

Todas as culturas humanas criaram modos de viver coletivamente, de organizar sua vida política, de se relacionar com o meio ambiente, de trabalhar, distribuir e trocar as riquezas que produzem. Mais ainda, todos os povos desenvolveram linguagens, manifestações artísticas e religiosas, mitologias, valores morais, vestuários e moradias. Assim, a pluralidade cultural indica, antes de tudo, um acúmulo de experiências humanas que é patrimônio de todos nós, pois pode enriquecer nossa vida ao nos ensinar diferentes maneiras de existir socialmente e de criar o futuro.

Viver em uma sociedade plural é viver em um ambiente onde o respeito aos diferentes grupos e culturas é uma necessidade fundamental para a harmonia social entre os indivíduos. O Brasil é um exemplo típico de pluralidade, uma vez que, além das matrizes indígenas, o povo brasileiro é formado por culturas que herdaram modos de vida provenientes do continente africano, e por imigrantes europeus que chegaram em nosso território, com o objetivo de uma colonização nos moldes mercantilistas. O contato com esses diferentes grupos, etnias e crenças é um predicado fundamental para o estudo histórico do país. Sabe-se que a convivência entre essas diferentes culturas no Brasil foi marcado por um etnocentrismo marcante do colonizador europeu sobre as culturas indígenas e africanas, ou seja, o imigrante europeu atuou de forma bastante desrespeitosa sobre as demais culturas, acarretando assim, enormes conflitos culturais, e com isso foi gerado uma herança infeliz no contexto social do país e que atualmente ainda permanece em nosso dia-a-dia na forma de desigualdade social, injustiça, exclusão e falta de democracia no cotidiano de vários grupos humanos que povoa as varias regiões do Brasil.

Mais que uma simples etnia, porém, o Brasil é uma etnia nacional, um povo nação, assentado num território próprio e enquadrado dentro de um Estado para nele viver seu destino. Ao contrário da Espanha na Europa, e na Guatemala na América, por exemplo, que são sociedades multietnicas regidas por estados unitários e, por isso mesmo, dilaceradas por conflitos interétnicos, os brasileiros se integram em uma única nação unificada, num Estado unietnico. (RIBEIRO)

É sobre essa realidade que a educação deve agir e trabalhar para que todas essas heranças pós-colonialista simplesmente desapareça de nossa realidade, para que assim, tenhamos um novo pais, marcado pelo respeito e pela democracia racial. É preciso reconhecer que a identidade do Brasil só poderá ser apresentada por completo, se reconhecido a riqueza apresentada pela multiplicidade etnocultural que compõe o patrimônio cultural brasileiro. Só iremos ser realmente brasileiros, no dia em que nos permitamos a uma negação de certos padrões culturais que não nos cabem e aceitarmos o que realmente somos. Não basta apenas reconhecer que nossa historia foi marcada por uma “união de três raças” temos que ser esse amalgama étnico, para que assim possamos realmente ser brasileiro.

O povo brasileiro vive em torno de uma razão ornamental, fugindo de sua identidade e adotando um modo de ver que não pertence ao povo brasileiro. O Brasil adora adotar os padrões de origem européias e tentam escapar de sua brasilidade. Essa é a nossa democracia racial existente na pátria, para o brasileiro o branco, o índio e o negro vivem em harmonia eterna. Essa concepção logicamente não está na ótica dos excluídos. Enfim, temos que reconhecer que a falta de democracia racial é o nosso verdadeiro problema e principalmente temos que encontrar a nossas próprias respostas e não nos prender a soluções estrangeiras.

E é no âmbito educacional que vamos encontrar a nossa resposta, porém, é dever do educador levar para a sala de aula o contexto brasileiro da sociedade e é no exercício do ensino que tanto o professor quanto os alunos ter que problematizar a realidade que é vivenciada levando sempre em consideração a ótica do opressor e também a do oprimido.

Nesse sentido, a escola deve ser o berço formador dos princípios da igualdade, da tolerância, do respeito e na cidadania. Reconhecer e valorizar a diversidade cultural é atuar sobre um dos mecanismos de discriminação e exclusão, entraves à plenitude da cidadania para todos e, portanto, para a própria nação. O conhecimento da pluralidade cultural nasce como uma necessidade de romper as desigualdades sociais e exclusão social. Logicamente que, não é fácil abordar esse tipo de tema, porém, para se construir uma nova realidade é inevitável que a escola seja o catalisador para essa construção.

O processo educacional terá de tratar do campo ético, voltando-se para a formação de novos comportamentos em relação àqueles que historicamente foram alvo de injustiças. E principalmente, reconhecer que essa problemática social, cultural e étnica fez e ainda faz parte de nossa conjuntura social, política, econômica e educacional. A escola tem um papel fundamental a desempenhar nesse processo, e justamente por isso que em sala de aula, assuntos que envolvam a convivência entre os diferentes grupos culturais no território nacional não seja silenciado e que a realidade seja exposta, problematizada e principalmente solucionada, tendo em vista a inclusão social e uma verdadeira democracia racial no país.

O ensino e a aprendizagem na perspectiva da pluralidade cultural tem o objetivo de retratar aos alunos a compreensão sobre o Brasil para os brasileiros. Mas para isso o ensino terá que abordar os aspectos e a riqueza cultural que alicerça a historia cultural brasileira. Além de ensinar, é necessário viver no campo multicultural, onde as manifestações culturais são notadas. Somente assim poderemos problematizar o cotidiano abordado e principalmente observar se realmente existe a democracia racial no Brasil. O professor deve focalizar o ensino junto ao aluno, criar uma vivência que torne a realidade um objeto de estudo.

Ao focalizar o conteúdo a ser abordado em sala de aula o professore terá que se possível levar em consideração algumas observações, como: as contribuições que as varias culturas deixaram para a consolidação de uma identidade brasileira, para que com isso seja ressaltado a importância de valores básicos para o exercício da cidadania, voltados para o respeito ao outro e a si mesmo, aos Direitos Universais da Pessoa Humana e aos direitos estabelecidos na Constituição Federal, possibilitando assim que os alunos compreendam, respeitem e valorizem a diversidade sociocultural e a convivência solidária em uma sociedade democrática. Também é importante lembrar a preocupação em expor os assuntos selecionados e a realidade local, a partir mesmo das características culturais locais, faz com que este trabalho possa incluir e valorizar questões da comunidade imediata à escola. Trabalhando assim a realidade cultural vivenciada no cotidiano dos alunos para que todo o aprendizado gere resultados fecundos para uma sociedade mais justa e igualitária.

A interdisciplinaridade é um predicado fundamental para a abrangência do pluralismo cultural na escola, ou seja, nesse sentido algumas matérias como a História, terá subsídios de retratar a resistência cultural de vários grupos na sociedade e buscar uma análise sobre as culturas que influenciaram a formação do povo brasileiro, a sociologia, também poderá tratar sobre os conhecimentos sociológicos que permitem uma discussão apurada de como as diferenças étnicas, culturais e regionais não podem ser reduzidas à dimensão socioeconômica de classes sociais e discutir sobre o papel da escola na construção de uma realidade, a lingüística é capaz de utilizar um método que retrate as diversidades lingüísticas e principalmente as formas de comunicação verbal e não verbal existente no Brasil, a antropologia tem condições de motivar o debate sobre a questão cultural do homem e valorizar as culturas existentes no Brasil, partindo do princípio que não existe homem sem cultura e que nenhuma cultura é superior a outra e a geografia trabalhará através de dados estatísticos alguns diagnósticos sociais e econômicos da sociedade brasileira, buscando uma interpretação sobre os resultados obtidos em tais estatísticas.

Enfim, fornecer informações básicas para o aprendizado escolar abrangendo a multiplicidade cultural será uma forma de alicerçar o país em uma identidade própria e também uma maneira de se obter respostas para alguns problemas e algumas dívidas sociais existente no campo historiográfico brasileiro, desconstruindo assim certos valores etnocêntricos que estão arraigados ao panorama social do país.


Considerações Finais

Oferecer ao adolescente informações básicas sobre os diferentes tipos de manifestações culturais existentes no Brasil, expondo o máximo possível as informações necessárias para o entendimento sobre a cultura brasileira permitirá que ele se situe em um universo autentico e multifacetado em diferentes visões de mundo.

Analisar as influências históricas do povo brasileiro e a atual conjuntura da mesma população fará com que o aluno entenda um pouco mais a sua realidade e seja também um protagonista em defender uma mudança de concepção sobre o pluralismo cultural e respeitando ainda mais as contribuição das diversas heranças etnoculturais. Ao perceber que a formação histórica brasileira é marcada pela atuação de muitos povos, culturalmente muito diversos irá facilitar ainda mais o conceito de pluralidade cultural e a concepção da importância que esse aspecto atua entre nós, que se expressa, nos diferentes modos de vida das regiões do país.

Visto que, existe entre nós uma riqueza entre experiências humanas, o predomínio da discriminação, as imensas desigualdades sociais, políticas e econômicas, os preconceitos e a intolerância reduzem muito as possibilidades dessa pluralidade se manifestar. Por isso criar condições para a afirmação da pluralidade que marca nossa formação cultural é a melhor maneira de compartilhar esse acervo de experiências humanas, esse patrimônio cultural existente no Brasil. Assim podemos encontrar respostas inesperadas aos limites e às potencialidades do presente e abrir novos caminhos para o nosso futuro.

Nesse sentido, conhecer sobre a pluralidade cultural é uma necessidade de romper as desigualdades sociais e exclusão social e permitir que o aluno compreenda que o Brasil é formado por um amalgama cultural. Por isso o respeito e valorização dessas culturas é um predicado fundamental para mudarmos uma realidade baseada em certos estereotipo ou qualquer forma de preconceito atuando de forma negativa sobre essa diversidade.

Portanto a marginalização do negro, a aculturação do índio, a homogeneidade cultural e o mito da democracia racial são temas que tem que ser debatidos e sala da aula para que assim seja desarticuladas certas imagens, conflitos e preconceitos existentes na historiografia cultural brasileira.
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