quarta-feira, janeiro 12, 2011

Coluna: Manuel Correia de Andrade.

A Importância de Igarassu
Publicado em 29.04.2007

Igarassu foi a primeira vila fundada, em Pernambuco, por Duarte Coelho, logo após sua chegada à capitania que recebera como doação do rei de Portugal. Foi erigida como vila porque, na época, só os núcleos urbanos construídos em terras da Coroa poderiam ser cidades. Este fato se repetiria, também, com Olinda, que foi vila até que a Coroa se apossasse da Capitania de Pernambuco. Pelo sua data de fundação, Gilberto Freyre considerou Igarassu como mãe de Olinda e a avó do Recife.

Igarassu sobreviveu graças aos esforços de André Gonçalves, quando Duarte Coelho se transferiu para Olinda, feita capital, e foi durante dois séculos o ponto avançado da Nova Luzitânia, nos limites com a capitania de Itamaracá. Manteve, sob sua jurisdição, algumas povoações, como Nova Cruz, área muito pitoresca, e numerosos engenhos de açúcar, além da povoação de Pasmado, famosa pela atividade de seus artesãos, que fabricavam facas de ponta, posteriormente chamadas de peixeiras.

O crescimento lento de Igarassu se deve a uma série de fatores, tais como o pequeno calado do rio ligando ao Atlântico, aos ataques dos indígenas, já no século 16, à formação de quilombos, como o de Catucá, que cobria terras de vários municípios pernambucanos, na primeira metade do século 19, à revolta de 1821, em Goiana, que atingiu seriamente o território, além da disseminação da formiga saúva, que trazia prejuízo à atividade agrícola, e à dificuldade de aproveitamento das terras silicosas dos tabuleiros, que restringia a cultura da cana-de-açúcar. Tudo isso contribuiu para mantê-la como centro urbano estagnado.

Esta estagnação, porém, foi relativa, já que não impediu a construção de igrejas suntuosas, como a dos santos Cosme e Damião, a de Santo Antônio, a do recolhimento de freiras, um expressivo prédio onde funcionava, no período colonial, a cadeia pública, que ocupava a parte térrea e, no primeiro andar, a Câmara Municipal. Isso em meio a um casario que subia a encosta da colina e ocupava a parte baixa, junto à planície, com numerosos sobrados. Este conjunto ainda hoje está conservado, dando a idéia do que foi a cidade onde viveu o famoso poeta cristão-novo Bento Teixeira Pinto, autor da Prosopopéia, em que tentava enaltecer a vida do donatário Jorge de Albuquerque Coelho e sua família. Da vila do Pasmado só resta a capela, semi-abandonada.

A proximidade do Recife e a abertura de estrada ligando esta cidade a João Pessoa, no século 20, passando por Goiana, contribuiu para que Igarassu crescesse, formando praticamente uma cidade dupla, a histórica, que pode ser altamente estimulada pelo turismo e cuja vida é testemunhada pelos seus edifícios e igrejas, e a cidade nova, suburbana e industrializada, onde mora uma população muito ligada à capital. Por isto, Igarassu forma, hoje, uma das cidades da Região Metropolitana do Recife.

Sugerimos às autoridades que se estimule e intensifique o turismo para a cidade matriarca, elaborando um guia, inspirado nos de Gilberto Freyre – do Recife e de Olinda – em que se estudasse, a partir dos prédios existentes e de sítios pitorescos, ilhados na paisagem canavieira, como a Igreja dos Santos Cosme e Damião, considerada por alguns historiadores a mais antiga do Brasil, a Câmara Municipal, o edifício do Museu Histórico, e outras casas do sítio urbano. Também não pode deixar de ser analisada a história da vila ou povoação de Pasmado e de sua igrejinha, de alguns engenhos antigos situados próximos à cidade, embora nem sempre localizados no município, como o Monjope. Também o litoral é rico de atrações, algumas com interesse histórico, como o Sítio dos Marcos, que abrigou Duarte Coelho ao chegar à capitania, e a povoação de Nova Cruz, situada em uma autêntica “ria”, que lembra as rias da Galícia na Península Ibérica. De lá se pode fazer uma excursão à ilha da Coroa do Avião.

Igarassu é uma demonstração da importância do turismo que pode ser intensificado no litoral pernambucano, com suas águas mornas durante todo o ano e o seu sol. Basta que nas excursões ligue-se Igarassu à Ilha de Itamaracá e se intensifique o uso do Canal de Santa Cruz.

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A Importância de Igarassu
Publicado em 29.04.2007

Igarassu foi a primeira vila fundada, em Pernambuco, por Duarte Coelho, logo após sua chegada à capitania que recebera como doação do rei de Portugal. Foi erigida como vila porque, na época, só os núcleos urbanos construídos em terras da Coroa poderiam ser cidades. Este fato se repetiria, também, com Olinda, que foi vila até que a Coroa se apossasse da Capitania de Pernambuco. Pelo sua data de fundação, Gilberto Freyre considerou Igarassu como mãe de Olinda e a avó do Recife.

Igarassu sobreviveu graças aos esforços de André Gonçalves, quando Duarte Coelho se transferiu para Olinda, feita capital, e foi durante dois séculos o ponto avançado da Nova Luzitânia, nos limites com a capitania de Itamaracá. Manteve, sob sua jurisdição, algumas povoações, como Nova Cruz, área muito pitoresca, e numerosos engenhos de açúcar, além da povoação de Pasmado, famosa pela atividade de seus artesãos, que fabricavam facas de ponta, posteriormente chamadas de peixeiras.

O crescimento lento de Igarassu se deve a uma série de fatores, tais como o pequeno calado do rio ligando ao Atlântico, aos ataques dos indígenas, já no século 16, à formação de quilombos, como o de Catucá, que cobria terras de vários municípios pernambucanos, na primeira metade do século 19, à revolta de 1821, em Goiana, que atingiu seriamente o território, além da disseminação da formiga saúva, que trazia prejuízo à atividade agrícola, e à dificuldade de aproveitamento das terras silicosas dos tabuleiros, que restringia a cultura da cana-de-açúcar. Tudo isso contribuiu para mantê-la como centro urbano estagnado.

Esta estagnação, porém, foi relativa, já que não impediu a construção de igrejas suntuosas, como a dos santos Cosme e Damião, a de Santo Antônio, a do recolhimento de freiras, um expressivo prédio onde funcionava, no período colonial, a cadeia pública, que ocupava a parte térrea e, no primeiro andar, a Câmara Municipal. Isso em meio a um casario que subia a encosta da colina e ocupava a parte baixa, junto à planície, com numerosos sobrados. Este conjunto ainda hoje está conservado, dando a idéia do que foi a cidade onde viveu o famoso poeta cristão-novo Bento Teixeira Pinto, autor da Prosopopéia, em que tentava enaltecer a vida do donatário Jorge de Albuquerque Coelho e sua família. Da vila do Pasmado só resta a capela, semi-abandonada.

A proximidade do Recife e a abertura de estrada ligando esta cidade a João Pessoa, no século 20, passando por Goiana, contribuiu para que Igarassu crescesse, formando praticamente uma cidade dupla, a histórica, que pode ser altamente estimulada pelo turismo e cuja vida é testemunhada pelos seus edifícios e igrejas, e a cidade nova, suburbana e industrializada, onde mora uma população muito ligada à capital. Por isto, Igarassu forma, hoje, uma das cidades da Região Metropolitana do Recife.

Sugerimos às autoridades que se estimule e intensifique o turismo para a cidade matriarca, elaborando um guia, inspirado nos de Gilberto Freyre – do Recife e de Olinda – em que se estudasse, a partir dos prédios existentes e de sítios pitorescos, ilhados na paisagem canavieira, como a Igreja dos Santos Cosme e Damião, considerada por alguns historiadores a mais antiga do Brasil, a Câmara Municipal, o edifício do Museu Histórico, e outras casas do sítio urbano. Também não pode deixar de ser analisada a história da vila ou povoação de Pasmado e de sua igrejinha, de alguns engenhos antigos situados próximos à cidade, embora nem sempre localizados no município, como o Monjope. Também o litoral é rico de atrações, algumas com interesse histórico, como o Sítio dos Marcos, que abrigou Duarte Coelho ao chegar à capitania, e a povoação de Nova Cruz, situada em uma autêntica “ria”, que lembra as rias da Galícia na Península Ibérica. De lá se pode fazer uma excursão à ilha da Coroa do Avião.

Igarassu é uma demonstração da importância do turismo que pode ser intensificado no litoral pernambucano, com suas águas mornas durante todo o ano e o seu sol. Basta que nas excursões ligue-se Igarassu à Ilha de Itamaracá e se intensifique o uso do Canal de Santa Cruz.

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