segunda-feira, novembro 05, 2012

Coluna: Manuel Correia de Andrade.

Na região da Mata Norte
Publicado em 08.01.2006

A Mata Norte de Pernambuco é uma das regiões mais importantes do Estado, quer por sua pujança econômica, quer pela sua posição geográfica, quer ainda por sua história e seu destaque no cenário político. Até a primeira metade do século 20, os estudiosos não procuravam caracterizar e diferenciar a sua porção meridional da porção setentrional, analisando uma e outra como se houvesse uma certa unidade, uma certa identidade. Foi Vasconcelos Sobrinho que nos anos 50, ao escrever importante livro sobre as regiões naturais, o meio e a civilização de Pernambuco, distinguiu duas regiões da Mata, aquela situada ao norte do Recife, a que chamou de Mata Seca e a situada ao Sul, que chamou de Mata Úmida.

Era uma visão botânica que foi depois aprofundada por Dárdano de Andrade Lima, botânico e fitogeógrafo, e caracterizada por nós, em 1958, como uma sub-região geográfica. Ela compreende a bacia drenada para o canal – o Rio Goiana, formado pela confluência dos rios Capibaribe-Mirim, Siriji e Tracunhaém e, mais ao sul, pelos rios Botafogo e Capibaribe.

É uma região que, além de engenhos famosos, que ficaram na sua história, deu também políticos e intelectuais que enriqueceram a história pernambucana, Arruda da Câmara, Nunes Machado, João Alfredo, Manuel Borba e tantos outros, além de ter sido palco de grandes lutas políticas nos períodos colonial e imperial, como a Guerra dos Mascates, a luta pela independência, que culminou com a expulsão de Luís do Rêgo de Pernambuco, a Confederação do Equador, a Revolução Praieira, o Quebra-Quilos e tantas outras. Tem sido também estudada por numerosos escritores e cientistas sociais, alguns com livros importantes que estão a pedir reimpressões, como o romancista Joaquim Pessoa Guerra, o memorialista Tavares de Melo, os jornalistas Aníbal Fernandes e Edimir Regis, os sociólogos Sandra Maria Correia de Andrade e Maria Regina Pinto Ferreira, o pesquisador Mário Santiago, o padre Petronilo e outros.

Recentemente, tivemos a publicação do livro Crônicas e Memórias, de autoria do advogado Expedito Corrêa de Oliveira, originário da velha família de Goiana e nascido em tradicional engenho de açúcar, nas mãos de sua família há muitos anos, o Miranda. Seu pai, o dr. Antônio Corrêa, magistrado e senhor de engenho, tinha um conhecimento profundo dos eventos, fatos e ocorrências registradas na região em que viveu e que, naturalmente, as transmitiu ao filho, oralmente.

Expedito, político por muitos anos, tendo sido vereador em Goiana e no Recife e em seguida secretário da prefeitura da capital e seu procurador, soube guardar na lembrança algumas histórias pitorescas, outras bem realistas, e resolveu reuni-las em livro, impresso primorosamente pela Bagaço. Eram notícias que retinha na memória. Dominando um estilo leve e fluente, ele se revelou um grande contador de histórias e escreveu um livro que é, ao mesmo tempo, de literatura – deve haver alguma ficção nas suas 150 páginas – da mesma forma que há fatos históricos e fantasiados que o tornam muito agradável. Isto em um momento em que as lembranças vão esmaecendo, ficando para trás e em grande parte esquecidas.

Vivemos, nas páginas do seu livro, Crônicas e Memórias, casos ocorridos nas ruas de Goiana, de Condado, de Itambé, de Timbaúba, de Aliança, de Vivência, de Macaparana, de São Vicente Férrer e nas bagaceiras e casas grandes de numerosos engenhos daquela área, algumas delas ainda conservadas e transformadas em pontos de atração turística, como Uruaé, Jundiá, Iguape e, sobretudo, Poço Comprido. O livro traz lembranças aos que, por qualquer razão, se ligaram ou ainda estão ligadas às tradições pernambucanas.
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Na região da Mata Norte
Publicado em 08.01.2006

A Mata Norte de Pernambuco é uma das regiões mais importantes do Estado, quer por sua pujança econômica, quer pela sua posição geográfica, quer ainda por sua história e seu destaque no cenário político. Até a primeira metade do século 20, os estudiosos não procuravam caracterizar e diferenciar a sua porção meridional da porção setentrional, analisando uma e outra como se houvesse uma certa unidade, uma certa identidade. Foi Vasconcelos Sobrinho que nos anos 50, ao escrever importante livro sobre as regiões naturais, o meio e a civilização de Pernambuco, distinguiu duas regiões da Mata, aquela situada ao norte do Recife, a que chamou de Mata Seca e a situada ao Sul, que chamou de Mata Úmida.

Era uma visão botânica que foi depois aprofundada por Dárdano de Andrade Lima, botânico e fitogeógrafo, e caracterizada por nós, em 1958, como uma sub-região geográfica. Ela compreende a bacia drenada para o canal – o Rio Goiana, formado pela confluência dos rios Capibaribe-Mirim, Siriji e Tracunhaém e, mais ao sul, pelos rios Botafogo e Capibaribe.

É uma região que, além de engenhos famosos, que ficaram na sua história, deu também políticos e intelectuais que enriqueceram a história pernambucana, Arruda da Câmara, Nunes Machado, João Alfredo, Manuel Borba e tantos outros, além de ter sido palco de grandes lutas políticas nos períodos colonial e imperial, como a Guerra dos Mascates, a luta pela independência, que culminou com a expulsão de Luís do Rêgo de Pernambuco, a Confederação do Equador, a Revolução Praieira, o Quebra-Quilos e tantas outras. Tem sido também estudada por numerosos escritores e cientistas sociais, alguns com livros importantes que estão a pedir reimpressões, como o romancista Joaquim Pessoa Guerra, o memorialista Tavares de Melo, os jornalistas Aníbal Fernandes e Edimir Regis, os sociólogos Sandra Maria Correia de Andrade e Maria Regina Pinto Ferreira, o pesquisador Mário Santiago, o padre Petronilo e outros.

Recentemente, tivemos a publicação do livro Crônicas e Memórias, de autoria do advogado Expedito Corrêa de Oliveira, originário da velha família de Goiana e nascido em tradicional engenho de açúcar, nas mãos de sua família há muitos anos, o Miranda. Seu pai, o dr. Antônio Corrêa, magistrado e senhor de engenho, tinha um conhecimento profundo dos eventos, fatos e ocorrências registradas na região em que viveu e que, naturalmente, as transmitiu ao filho, oralmente.

Expedito, político por muitos anos, tendo sido vereador em Goiana e no Recife e em seguida secretário da prefeitura da capital e seu procurador, soube guardar na lembrança algumas histórias pitorescas, outras bem realistas, e resolveu reuni-las em livro, impresso primorosamente pela Bagaço. Eram notícias que retinha na memória. Dominando um estilo leve e fluente, ele se revelou um grande contador de histórias e escreveu um livro que é, ao mesmo tempo, de literatura – deve haver alguma ficção nas suas 150 páginas – da mesma forma que há fatos históricos e fantasiados que o tornam muito agradável. Isto em um momento em que as lembranças vão esmaecendo, ficando para trás e em grande parte esquecidas.

Vivemos, nas páginas do seu livro, Crônicas e Memórias, casos ocorridos nas ruas de Goiana, de Condado, de Itambé, de Timbaúba, de Aliança, de Vivência, de Macaparana, de São Vicente Férrer e nas bagaceiras e casas grandes de numerosos engenhos daquela área, algumas delas ainda conservadas e transformadas em pontos de atração turística, como Uruaé, Jundiá, Iguape e, sobretudo, Poço Comprido. O livro traz lembranças aos que, por qualquer razão, se ligaram ou ainda estão ligadas às tradições pernambucanas.
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